PROVIDENTIA

A Providentia nasce como ideia no verão de 2012, mas é só em 2020 que começa a tomar forma. Quando o Teatro Nacional 21 lançou o desafio a criadores emergentes e “forçou” o Teatro Bastardo a arrancar a ideia original do papel. O espectáculo parte do universo cinematográfico de Luis Buñuel. É a sua obra que serve de inspiração para o cabeçalho, mas não só.

Na incubadora do espetáculo, uma garagem em Queluz, começava o processo com quase nada. Apenas 6 actores e uma câmara Web que apontava a um espaço com paredes de madeira escura. Sobre isso fomos trabalhando desde Setembro com longos ensaios de improvisação. Íamos desorientados no caminho, criando regras e cartografando o espaço. E os temas de Buñuel, sem saber, estavam sempre lá. Ia aparecendo a burguesia em forma de serviçais, de fações, dos poderosos e dos sem poder. O estilo era quase sempre desconcertante e insólito e a comunicação estranha. A trama geralmente não chegava a sítio nenhum e a única coisa que fazia o tempo não estar parado era a repetição. A repetição. A repetição. E quanto mais nos isolávamos do mundo, mais vezes falávamos sobre a humanidade, classes sociais ou justiça.